sexta-feira, 28 de maio de 2010

Historinha pra filho de engenheiro.

O filho quer dormir e pede ao pai (engenheiro) para contar uma história e ele conta a dos três porquinhos.

- Meu filho, era uma vez três porquinhos, P1, P2 e P3, e um Lobo Mau, por definição, LM, que os vivia atormentando.

P1 era sabido e já era formado em Engenharia.

P2 era arquiteto e vivia em fúteis devaneios estéticos, absolutamente desprovidos de cálculos rigorosos.

P3 fazia Belas Artes.

LM, na Escala Oficial da ABNT para medição da Maldade EOMM), era Mau nível 8,75 (arredondando a partir da 3ª casa decimal para cima).


LM também era um mega investidor imobiliário sem escrúpulos e cobiçava a propriedade que pertencia aos Pn (onde 'n' é um número natural e varia entre 1 e 3), visto que o terreno era de boa conformidade geológica e configuração opográfica,localizado próximo à Granja Viana.

Mas, nesse promissor perímetro,

P1 construiu uma casa de tijolos, sensata e logicamente planejada, toda protegida e com mecanismos automáticos.

Já P2 montou uma casa de blocos articulados feitos de mogno, que mais parecia um castelo lego tresloucado.

Enquanto P3 planejou no Autocad e montou ele mesmo, com barbantes e isopor como fundamentos, uma cabana de palha com teto solar, e achava aquilo 'o máximo'.

Um dia, LM foi até a propriedade dos suínos e disse,

encontrando P3:


- 'Uahahhahaha, corra, P3, porque vou gritar, e vou gritar e chamar o CREA para denunciar sua casa de palha projetada por um formando em Comunicação e Expressão Visual!'

Ao que P3 correu para sua amada cabana, mas quando chegou lá os fiscais do CREA já haviam posto tudo abaixo.

Então P3 correu para a casa de P2.

Mas quando chegou lá, encontrou LM à porta, batendo com força e gritando:
- 'Abra essa porta, P2, ou vou gritar, gritar e gritar e chamar o
Greenpeace, para denunciar que você usou madeira nobre de áreas não-reflorestadas e areia de praia para misturar no concreto.'

Antes que P2 alcançasse a porta, esta foi posta a baixo por uma multidão ensandecida de eco-chatos que invadiram o ambiente, vandalizaram tudo e ocuparam os destroços, pixando e entoando palavras de ordem.


Ao que segue P3 e P2 correm para a casa de P1.
Quando chegaram na casa de P1, este os recebe, e os dois caem ofegantes na sala de entrada.

P1: - 'O que houve?'
P2: - 'LM, lobo mau por definição, nível 8.75, destruiu nossas casas e desapropriou os terrenos.'
P3: - 'Não temos para onde ir. E agora, que eu farei? Sou apenas um formando em Estilismo e Belas Artes.

tum ...!!!! isto é somente uma simulação de batidas à
porta, meu filho! o som correto não é esse.

LM: - 'P1, abra essa porta e assine este contrato de transferência de posse de imóvel, ou eu vou gritar e gritar e chamar os fiscais do CREA em cima de você!!! e se for preciso até aquele tal de CONFEA.'

Como P1 não abria (apesar da insistência covarde do porco arquiteto e do... artista ), LM chamou os fiscais. Quando estes lá chegaram, encontraram todas as obrigações e taxas pagas e saíram sem nada argüir.
Então LM gritou e gritou pela segunda vez, e veio o Greenpeace, mas todo o
projeto e implementação da casa de P1 era ecologicamente correta.

Cansado e esbaforido, o vilão lupino resolveu agir de forma irracional (porém super comum nos contos de fada): ele pessoalmente escalou a casa deP1 pela parede, subiu até a chaminé e resolveu entrar por esta, para invadi-la.

Mas quando ele pulou para dentro da chaminé, um dispositivo mecatrônico instalado por P1 captou sua presença por um sensor térmico e ativou uma catapulta que impulsionou com uma força de 33.300 N (Newtons) LM para cima
com uma inclinação de 32,3° em relação ao solo.

Este subiu aos céus, numa trajetória parabólica estreita, alcançando o ápice, onde sua velocidade vertical chegou a zero, a 200 metros do chão.

Agora, meu filho, antes que você pegue num repousar gostoso e o Papai te cubra com este edredom macio e quente, admitindo que a gravidade vale 9,8m/s², calcule:
a) a massa corporal do lobo.
b) o deslocamento no eixo 'x' do lobo, tomando como referencial a chaminé.
c) a velocidade de queda de LM quando este tocou o chão (considere o atrito pela resistência do ar).

sexta-feira, 12 de março de 2010

Xamãs

Sábios, magos e curandeiros: os xamãs das tribos indígenas da América do Norte pertenciam a uma classe à parte em seu meio social. Eram respeitados por todos, pois desempenhavam simultaneamente as funções de médicos, adivinhos e conselheiros.
Dominavam a arte da comunicação com os deuses, com os espíritos e com as forças da natureza, bem como os mistérios da vida e da morte. É interessante ressaltar que as sociedades indígenas praticavam a caça e a pesca, mas mesmo assim mantinham uma postura de respeito para com as diversas formas de vida. Afinal, tinham consciência de que sua sobrevivência dependia dessa sinergia.
Assim, os animais eram parte do cotidiano indígena - e, como tal, estavam intrinsecamente ligados à simbologia espiritual trabalhada pelos xamãs. O horóscopo xamânico é inspirado justamente nessa caminhada mágica junto às forças da natureza. Os arquétipos são descritos conforme a simbologia de cada animal; seu ciclo é inspirado nos ciclos da natureza, ou seja, nas quatro estações e nas doze luas (meses) do ano.
A cada signo, correspondem um tipo de vento (que simboliza a postura interna do ser) e uma direção (que simboliza a meta espiritual do ser. Por exemplo: quem tem a direção sudeste, deve buscar conciliar as qualidades do Sul e do Leste), além de outros elementos.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Histórias de Poder

Os xamãs foram os primeiros contadores de histórias. Através das histórias se conserva o conhecimento através das gerações. img
A narração oral da história e tradição foi o aspecto essencial das religiões nativas.
O Contador de Histórias criava vínculo, fazia curas, clarificava a identidade, celebrava os paradoxos da vida, os divertimentos.
Ele também estava presente mantendo ou criticando a história, servia de reforço cultural e religioso.
Todas as tribos tinham seus contadores de histórias. Algumas culturas tinham homens e mulheres contadores de histórias.
Para ser um contador de histórias o aspirante deve dedicar-se a conhecer as histórias da comunidade, dos ancestrais, da cosmologia, e é claro ter dons de oratória e ser aceito pelos Anciões. Muitas das histórias são visões, sonhos,insights.
Faço abaixo um resumo do texto de Jamie Sams :
- Os contadores de histórias de todas as tribos e nações constroem uma ponte entre os ensinamentos tradicionais e o momento presente. As crianças aprendem com eles e aplicam as histórias em sua própria vida. Cada história possui diversos significados e relaciona-se de forma diferente para cada pessoa. Cada vez que a história é repetida, cresce o nível de entendimento. Alguns acontecimentos da história eram repetidos de maneira diferente para que cada ouvinte pudesse perceber melhor, de acordo com sua capacidade de entendimento.
O Contador de histórias tem um posto no Conselho dos Anciões. Ele possui o dom de falar a alguém em particular sem se dirigir a ele. Todos os sábios nativos preferiam ensinar por meio de histórias a apontar diretamente os defeitos de alguém.

Todos os mestres iluminados desta Terra, sempre se utilizavam de histórias para passar suas verdades, pois eram sabedores que as vezes a verdade é muito dura para ser aceita. Veja o exemplo de Jesus que falava por meio de parábolas, de Buda , Lao-Tsé e outros.
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É importante frisar que as estórias criam imagens na mente do ouvinte, que por sua vez despertam emoções, que por sua vez desperta uma bio-química. Elas relaxam, amedrontam, ensinam, curam, entusiasmam, entristecem, alegram........
No xamanismo, o contador de estórias é um caminheiro entre os mundos. Não é apenas ler, para contar uma estória com sucesso ela deverá vir do interior. Isto significa viver a estória interiormente, o experimentar do ponto da vista de cada um dos caracteres, da caminhada e do riso, da tensão, da reflexão da advertência. Forma e conteúdo.
É visualizar cada volta da história até que você possa fazer funcionar sua imaginação como um filme; pensar profundamente sobre a mensagem subjacente a que a própria história está tentando fazer, compreender os fluxos da energia, movimentos, gestos, semblantes, respiração, pausas, dicção,etc. O contador de estórias, então, é um mediador entre nosso mundo conhecido e o desconhecido.
Uma comunidade de dragões e fadas, anjos, com as bestas mágicas e míticas. Com deuses e deusas, os heróis e os demônios.
Expressam-se acima deste mundo, passam livremente de um mundo para o outro, e ajudam-nos a experimentar outros reinos.
Também são invocadores de poderes elementais, dos poderes da transformação.
Podem mostrar-nos que como confrontar nossos medos, como experimentar êxtase ou nos trazer a cara à cara com morte ou terror do espírito - com o infinito e incompreensível
O contador de estórias vive e comunica o poder, o significado e a realidade do mito a uma profundidade que não possa ser apreciada até que experimentada.
E a experiência é a palavra crucial aqui. A experiência da palavra nos conduz quando a estória vem do interior.


fonte:  www.xamanismo.com.br